"What’s wrong with my tongue, these words keep slipping away, I stutter, I stumble, like I’ve got nothing to say"
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Air
quarta-feira, setembro 06, 2006
Pacote de açúcar
Imagem: pacote de açúcar Delta, Edição Natal2005
"Um último olhar e nenhum medo de avançar"
... Sábias palavras para um pacote de açúcar.
Tão pequena, tão jovem e, no entanto, a sua postura, os seus olhos escondidos mostravam-na como mulher, madura.
Daqueles olhos brotava uma tenra velhice, como se guardassem todas as memórias de uma vida longa e preenchida.
Talvez fossem os olhos e a vida dela.
Ou talvez fossem todas as lembranças eternas daquele mar, reflectidas nos seus olhos inocentes de criança.
E ali ficava. Imóvel fotografia. Simplesmente contemplando o vasto caminho de água.
E eu… Eu já olhei muitas vezes.
Para o mar. Para o céu. Para a vida.
Durante a minha (ainda curta) vida tive medo e recuei perante algumas dificuldades.
Fui fraca?
Não… Cautelosa. - corrijo com um sorriso incerto, como quem não gosta de se lembrar dos momentos de fraqueza.
O pacote já estava vazio em cima da mesa. O açúcar dissolvia-se num galão claro extremamente quente.
Eu continuava a olhar para aquela imagem. Para aquela frase.
E pensava. Recheada de dúvidas existenciais...
Mudaria alguma coisa na minha vida, se pudesse? No meu passado?
Faria alguma coisa de forma diferente? Seguiria outro caminho?
Fui forte nas minhas escolhas ou acobardei-me sempre que surgiam obstáculos?
Tive medo? Terei vivido?
Conseguiria eu transparecer nos meus olhos castanhos tantas memórias e recordações, como nos daquela menina?
Sim.
Vivi... Vivo.
E sei que vou construir muitas mais recordações, memórias…mais vida.
Tive medo? Sim, tive muito medo. (Quem não tem?)
Mas arrisquei. Arrisco todos os dias.
Vivo todos os dias. Intensamente.
Nos meus olhos escrevem-se as histórias da minha vida.
Vivo.
Faço as minhas escolhas. Aprendo com os meus erros. Escolho o meu próprio caminho. Posso errar, mas continuo a lutar.
O meu destino é escrito todos os dias, por mim, guardado em pequenas memórias do meu ser.
Olho. Arrisco. Avanço. Vivo.
Sinto o sabor da felicidade nos meus lábios todos os dias ao acordar.
Sim. Sou feliz.
Acordei de repente com um som feminino estridente oriundo do outro lado do balcão.
Torradaaaa!!!
Agradeço a sorrir…
“Um último olhar” dizes tu…
Nenhum medo de avançar, digo eu.
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