Ali estava ele.
Completamente encharcado.
Assobiando alegres sons,
tentando afastar com a sua música a chuva que teimava em cair,
molhando os seus olhos, cheios de lágrimas.
Perdera-a.
Perdera a sua amiga, sua companheira, sua amante.
Perdera o seu amor.
Ela não estava mais na sua vida portanto…
Ele perdera a sua razão de viver.
No chão as gotas de chuva
(ou seriam as lágrimas)
ganhavam outra cor…
A transparência de cada gota de água perdia-se num tom vermelho flamejante.
Bailavam as cores juntas, misturando-se até serem uma só,
num espectáculo único, repetido por tantas gotas.
Mas só ali. Junto dele.
Pingavam das suas mãos as pequenas chamas vermelhas,
enquanto a chuva escorria pelo seu corpo.
Os seus pulsos eram a fonte da nova cor
que brotava de finas linhas na sua pele.
Uma lâmina no chão, banhada pela água vermelha, mostrava o soturno destino que tivera quando seca.
Mostrava o triste destino daquele homem.
Que morria à chuva.
Morria devagarinho.
Enquanto assobiava alegres notas de música…
E por ela chorava...
Chorava lágrimas de sangue.
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